quarta-feira, 18 de maio de 2011

Explorar a criança e o adolescente, por quê?

Explorar o turismo, não o turista. Explorar o conhecimento, as riquezas culturais, não as pessoas que trabalham para o turismo. Desde que o turismo passou a ser entendido não só sob o olhar da economia, mas, sob o olhar sociológico, nós os pesquisadores, educadores, profissionais, voltamo-nos com maior cuidado para as pessoas que muitas vezes sofrem com os impactos negativos dessa atividade que Cohen(1970) estabelece uma série de tipologias, pois ele  tornou-se o primeiro pesquisador a demonstrar que não se deve falar num turista genérico, mas que é preciso diferenciar os turistas quanto a comportamento e motivações em função de características socioeconômicas e psicossociológicas. 
Cohen, com suas teorias, jamais imaginou que fosse existir no turismo o tão famigerado "turismo sexual" que a mídia resolveu torná-lo como um dos tipos de turismo, que eu considero um dos maiores erros na epistemologia do turismo. 
Em minha vida de turismóloga, quer no mercado produtivo,quer na academia, defendo como impacto negativo, esse lamentável título para uma prática que veio para descaracterizar o fazer turístico.
Penso que hoje, sendo uma data que nos leva a refletir sobre o abuso e a violência sexual do menor e adolescente, é pertinente eu falar sobre isto. Gostaria de deixar claro que ainda há muito que se aprender e escrever sobre o turismo, e, sinceramente, ainda defendo que na tipologia original o termo "turismo sexual" jamais passou pelas cabeças  dos teóricos. 
Estarei misturando os temas de meus posts? Pode até ser, você pode pensar que eu esteja trocando os temas, por não sentir a empolgação que antes me invadia quando escrever sobre turismo e identidade para mim sempre foi um prazer, mas, é que hoje, nesse dia 18 de maio, que é dia de se enfrentar, combater a violação dos direitos de tantos jovens brasileiros que são castigados em sua vida, pelos maus tratos, pela violência e pela exploração sexual; sinto-me compelida a falar aos meus seguidores de como é importante a educação para se reverter essa indecente estatística que, infelizmente ainda temos em nosso país.
Vale lembrar, que os direitos infantis são violados quando uma criança, em idade escolar, ela está fora da sala de aula ou não tem uma alimentação adequada. E, vamos ser realistas ao lembrar que em muitas regiões turísticas, há um índice dessa violação, decorrente da procura dos que se fazem passar por turistas e cometem tal crime em troca de seu bel prazer...quanta ironia posso imaginar, a gente não trabalhou tanto, estudou mais ainda, para que esse tal "turismo sexual" viesse ser praticado em nosso País, em nosso Estado, em nossa cidade.
Defendo e defenderei a prática lícita do turismo, defendo e defenderei a união dos que fazem o trade para que possamos mandar de volta pra bem longe o famigerado "turismo sexual", defendo e defenderei a educação como parte essencial para se entender melhor o que Cohen, tão bem definiu, e, nos deixou com essa missão de esclarecer, educando.
O combate à exploração sexual é conteúdo das capacitações por que passam as pessoas que atendem turistas. Segundo o Ministério do Turismo, cerca de 100 mil profissionais já foram capacitados em 165 seminários promovidos em todo o país para treinar desde taxistas, recepcionistas e guias até agentes de viagem para atender os visitantes estrangeiros que virão ao Brasil nos próximos anos, em especial por causa da Copa de 2014.
Mais de 66 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, em quase oito anos de funcionamento do serviço Disque 100, foram registradas no Brasil até março de 2011. Se você souber de alguém que explore, abuse, violente os direitos da criança e do adolescente, denuncie. Disque 100. 







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