sábado, 10 de setembro de 2011

Às favas com quem não curte a tradição de sua família

Desde pequena eu ouvia isso, "vá às favas", mas, sempre era por parte de minha querida Mãe, quando eu cometia alguma traquinagem, e ela usava então esse termo herdado de seus avós, de seus pais, que com certeza herdaram de seus pais e avós. Pois é, "às favas" tem o significado de "mandar a burgiar", no autêntico português de Portugal. Ou seja, quando alguém está a perturbar o outro, manda-se ao que incomoda se afastar e perturbar em outro lugar, segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Daí, como agora ando a pesquisar sobre minha querida avó materna Donana, chego a conclusão que na Paraíba, terra por onde ela foi concebida, podem ter mandado seus pais sanguíneos às favas! Será? Afinal os seus avós tinham raízes portuguesas e uma mistura moura. Mas, Donana, cozinhou fava, sabia fazer um "arroz de fava" tão bem que acabou ensinando à minha mãe o que a Iaiá Leonília, sua mãe de criação ensinou a fazer.Como aqui se conversa sobre identidade, este post vai com o desejo de ninguém esquecer de sua tradição familiar. No dia que eu comi fava, sim o feijão-branco, perguntei para Carlinda, minha fiel prima, se era nesse prato que iria encontrar as favas que mamãe havia me mandado ir? Conclusão inteligente, penso eu, no alto de meus 4 anos.
Mas, aqui vai um pouco sobre a fava:

“Às favas” com a falta de tradição! Pega-se alguns livros de culinária nordestina, procure-se  fava e com certeza vai ser encontrada alguma receita da Família  fabacea, nome científico das dicotiledôneas ou seja, uma leguminosa. Planta herbácea proveniente da extensa família das leguminosas, agora renomeada Fabacea, é das culturas mais antigas, importante alimento desde a Idade da Pedra, era bastante apreciado pelos antigos Gregos, Egípcios e Romanos assim como em muitos países do Médio Oriente. A fava tem origem incerta, no entanto, admite-se que seja da região do Cáspio e Norte de África, é uma planta perfeitamente adaptada a climas mediterrânicos, onde tem um papel preponderante na dieta, especialmente no início da Primavera, quando existe pouca diversidade nas hortas, com a vantagem de ser muito rica em proteínas e hidratos de carbono embora pobre em vitaminas, contendo somente a B em quantidade moderada.
 A casca é espessa, macia, lisa no exterior e felpuda no interior, onde aloja consoante a variedade quatro a nove sementes de tamanho incerto; pequenas e redondas nas variedades forrageiras, grandes e achatadas nas de mesa. Mas, e no Brasil? Aqui, apesar de cultivada em todos os Estados e de apresentar capacidade de adaptação mais ampla que o feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.), o cultivo do feijão-fava ainda tem pouca relevância. Acredita-se que as principais razões para o cultivo relativamente limitado, sejam: a maior tradição de consumo do feijão-comum, o paladar do feijão fava e o seu tempo de cocção mais longo.  Segundo Guimarães, Walma e AL(2007) a  importância  econômica e social se deve principalmente à sua rusticidade em regiões semi-áridas do Nordeste brasileiro, o que possibilita prolongar a colheita em período seco. Os grãos verdes e secos, as vagens verdes e as folhas do feijão-fava, podem ser consumidos pelo homem.
Trata-se de uma das principais leguminosas cultivadas na região tropical, que apresenta potencial para o fornecimento de proteína vegetal à população e diminuição da dependência, quase exclusiva, do feijão-comum do grupo carioca. De acordo com Oliveira et al. (2004), o feijão-fava é,hoje, uma alternativa de renda e fonte alimentar para a população da região Nordeste do Brasil, que o consome sob a forma de grãos maduros ou verdes. Ainda segundo os mesmos autores, o Estado da Paraíba, onde é cultivado em quase todas as microrregiões, vem-se destacando como um dos maiores produtores nacionais.
Desde pequena, a fava é um prato que é cozido em minha casa ao estilo piauiense, com segredos trazidos pelos meus bisavós, lá do sertão paraibano com origens portuguesas e mouras. Como ando por mercados, sempre vejo alguns tipos diferentes, e, pesquisando aqui e acolá, provoquei minha irmã mais velha, que é chegada a um “arroz de fava.” Sendo assim, eis que chega em casa ½ kg de favas lindas, e, entre um papo e outro acabou-se catando, daí deixei de molho e entreguei a receita de minha bisavó para a nossa Dalva, a chef dos Lopes Ferreira, fazer com muito carinho como tudo que ela cozinha. Lembrando que esta fava foi comprada em um armazém de “secos e molhados” nas imediações da Rua Sena Madureira e a Praça Murilo Borges, no Centro de Fortaleza.
Receita pronta, fotografada e saboreada,com a garantia de que os costumes do “de comer” dos nossos colonizadores, passados de geração em geração, em inúmeras famílias, podem receber uma releitura em tempos de face e de blogs, mas, o sabor, o jeitinho, a essência do saber fazer, jamais será esquecido. Faço questão disso! Daí o meu atrevido pedido ao M. Barão, para aqui expor as fotos e a receita do Arroz de Fava dos Lopes Ferreira.
Ingredientes
½  kg fava
1 xícara de arroz
2 xícaras de água ( caso queira poderá usar a mesma quantidade de caldo de carne)
4 dentes de alho
1 cebola picada
½ Pimentão vermelho picado
½ Pimentão amarelo picado
3 colheres de sopa de azeite ou banha de porco.
1 colher café de cominho e pimenta-do-reino
1 folha de louro
Sal quanto queira
Modo de preparo
Cozinhe a fava em água com a folha de louro e sal a gosto, até que a esteja al dente. Reserve.
Aqueça uma panela e acrescente o azeite ou a banha e em seguida refogue o alho, a cebola. Junte o arroz, os pimentões, o cominho e mexa. Acrescente a água ou caldo de carne, sal e em seguida a fava com duas conchas de seu caldo da fervura. Deixe ferver em fogo médio por 15 minutos.
Este arroz de fava é muito bom para acompanhar carnes assadas.
Um bom domingo e se quiser, faça um arroz de fava e bom apetite!
Fonte: Wikipédia, arabesq, Priberam, livros de receita de Dona Rosinha, Scielo


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