terça-feira, 12 de abril de 2011

Um adeus à Dona Mocinha







Qual daqueles que acompanharam uma banda de pré carnaval em Fortaleza que não foi na concentração na PI  que não viu ou conheceu de perto a Dona Mocinha? É difícil achar alguém.No entorno do Hotel Praia Centro, bem na esquina da João Cordeiro com a Padre Climério, local onde ela nasceu é onde no  seu canto, era um ponto de samba, o bar ela montou há mais de 34 anos, pois era uma apaixonada pelo samba. Sorriso largo, simpática, educada, mulher "arretada", foliã das mais empolgadas.Neste sábado, seu coração de sambista, parou de tocar, desacelerado pelas complicações da sua saúde. Sua diabetes complicou. A médica ginecologista que a atendia, esteve comigo ontem e me disse que realmente seu estado era muito delicado.
Certo dia estando eu por lá, com amigos da faculdade, ela ainda passeava pelas mesas, conversava com um e com outro, apresentei-a ao resto da turma que eu levava pela primeira vez. Tão bom,conversar com ela, lembrava de seus tempos na escola de samba, por sinal, ela é um das fundadoras da escola de Samba  Girasol, de Fortaleza. Mas, ela já desfilou em escolas de samba do Rio de Janeiro como a  minha Portela querida, Imperio Serrano e União da Ilha. Dona Mocinha estava afastada da administração do bar já algum tempo. Por ser a referência de samba na cidade, sempre que alguns puxadores de samba das escolas do Rio e de São estavam por aqui, iam por lá para dar um alô a ela, sem contar a galera da velha guarda como o Adilson da Vila Isabel que pousa na foto acima publicada no site vermelho.org.br, que eu repasso ao leitor em homenagem à nossa grande Dama do Samba daqui.
Iraci de Souza Batista, já nasceu em uma data abençoada por Deus. Dia 24 de dezembro, e, pra indagada pelo seu apelido,segundo ela em uma entrevista no jornal O Povo, foi seu pai que a chamava assim, : " Era a forma dele dizer o quanto ela era prestativa nos afazeres de casa. ``Meu pai dizia assim: -Ai, que é uma mocinha-``, lembra, sem esquecer o orgulho". Casou-se nova, aos 15 anos e enviuvou aos 23 anos, teve 2 filhos.
Mas, o tempo passou, houve mudanças sensíveis por lá. No ano passado, o jornalista Wellington Sena, escreveu,referindo-se sobre o que estava acontecendo . " O domingo, dia 16, marcou a agonia de um espaço com 34 anos de tradição: o bar da Dona Mocinha. A dona está há algum tempo afastada do comando de sua casa por causa da saúde fragilizada por uma intensa diabete e um coração que já não agüenta muitas emoções. O espaço construído por ela como local de resistência do samba sofreu um ataque traiçoeiro do pagode eletrônico. Para surpresa dos assíduos freqüentadores, agora ocupado por um grupo de jovens pagodeiros com suas caixas acústicas e suas músicas comerciais".
Daí aos poucos segundo ainda o texto protesto do Sena, os sambistas tradicionais, desiludidos e decepcionados quando isso aconteceu, foram aos poucos ocupando a pracinha ao lado, lá fizeram o "samba no grito". E que penso que é o agora Polo da Dona Mocinha.
Dona Mocinha, pra senhora lhe dedico meu post e nada melhor que um samba que com certeza vai continuar junto à si, interpretado pela herdeira de Elis Regina, Maria Rita, numa deslumbrante apresentação!
Ave Dona Mocinha!


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário